Silêncio

Quero o sossego de um lugar fora de mim. Uma paz que não pertence a mim.
Uma brisa no rosto, me fazendo sentir que posso ser mais viva que isso.
Que o silencio da minha boca não seja interrompido por minha barulhenta mente.
Não pode ser tão difícil de compreender. Depois de tantos julgamentos, não quero mais nem ser e nem julgar ninguém.
Apesar de minhas inquietações, sinto no meu coração uma paz.
De que tudo vale a pena, e que tudo pode ser muito melhor do que pensamos ser.
Nada é mais inquietante quando não se pode fazer entender-se.
Fica confuso pra todos. E talvez nem seja necessário explicar.
Só quem passou sabe como é se sentir assim.
Muitos ao redor, mas sempre falta algo.
Que não está lá fora, não está no que possuo. Encontra-se em mim.
Apenas na elevação da alma ao céu. Que pode curar e me fazer entender o que se passa.
Um delírio, uma maluquice, uma loucura.
Mas nunca me será suficiente. Vou querer sempre mais.


(Ana Zuqui)

O que é afinal?

O amor sim é a solução da maioria das dores que existem no mundo.

Pois ele evita que façamos algo que deixe outra pessoa magoada.

O amor evita a dor de ter cometido algum erro e a insegurança de não obter perdão.

O amor pode não evitar que cometamos falhas e que decepcionamos alguém de quem gostamos muito, pois a imperfeição também existe.

Mas com certeza o amor nos faz superar, e aprender a não fazer de novo, ou não fazer com alguém o que fizeram conosco.

Esse sentimento que só é real quando agimos, e não quando falamos.

Esse tal que queremos muito, e na maioria das vezes não agimos.

De nós mesmos, dos outros, de nós pra nós. E raramente aos outros.

Amor é perfeito, nós de tão egoísta fazemos dele uma dor, e uma culpa.

Que na maioria das vezes não soubemos lidar, que na maioria das vezes queremos entende-lo quando devemos senti-lo.

E ficamos com o amor apenas na teoria, pois na prática ele faria muito mais efeito, e o medo de que seja bom, faz com que apenas amemos em palavras.

E envelhecemos não sabendo de verdade se amamos ou não.

(Ana Zuqui)

Mate-me se for capaz

Cada um sabe da maneira como deve reagir. Cada um sabe da vontade que tem em si, ou de matar ou de deixar morrer. Talvez tudo ao mesmo tempo.
Dizem pra não julgarmos ninguém, mas julgamos a todo o momento.
Será que é por isso que estamos vendo o caos em toda parte.
Famílias não se conhecem mais, não se respeitam mais, não se ajudam mais.
Julgam e criticam a todo o instante.
Por isso tantas pessoas recorrem a remédios pra conseguir suportar.
Alguns a bebidas e drogas. Que além de ajudar a fugir da realidade dão a sensação de êxtase, de poder.
Mas se todos temos problemas, somos imperfeitos e cometemos erros, por qual razão somos tão exigentes.
Buscamos tanto a perfeição e compreensão quando nós mesmos somos incapazes de ter.
Estamos muito longe de entender isso. E a cada vez mais piorando a situação.
É cada dia mais difícil de ajudar, pois nós já não sabemos mais nem como receber ajuda.
Nos sentimos incapazes e insultados quando precisamos pedir ajuda, isso está fora de cogitação, mesmo que possamos estar morrendo, nos matando por dentro, jamais pediremos ajuda, e na maioria das vezes fazemos isso tudo parecer culpa do outro, quando na verdade somente nós podemos ser os responsáveis por nossas próprias insatisfações e culpas.
Mas é claro que algumas atitudes de pessoas das quais gostamos e criamos expectativas pode contribuir e muito. Mas nunca deve ser o motivo pra que façamos algo ruim.
O mal está em toda a parte, e nós devemos ser fortes o bastante pra matarmos antes que nos matemos por ter enlouquecido com isso tudo.


(Ana Zuqui)